Nos cinco sentidos
a existência do invisível,
presente na multidão
mais um corpo foi abolido.
os olhares não refletem,
não se cruzam e ficam míopes.
A dor latente no peito
famintos de desejos,
ecoam pelo grito.
mas o mesmo não emana
se dissipa e não alcança
o interior do indivíduo.
Na solidão enlutada
aproximo-me mais uma vez
e pelo toque das mãos enrugadas
durante a transmissão sináptica
a informação não codificada
faz a sensibilidade se perder.
Introjeto-me o sentimento
e sigo na contramão
nesse meu eu solitário
procuro outra direção.
quem sabe esta me devolva
minha alma, voz e canção.
Que o invisível que habito
possa assim transparecer
ainda que por um evaporável instante
minha ausência se converta
e possa então renascer.
Autoria: Palloma Dornelas.
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